não pensei que fosse voltar aqui.
escrevo aqui, mas to coa cabeça lá.
escrevo pretensamente sem pensar. mentira. eu sei que penso o tempo inteiro.
muito arroz e feijão até o dadaísmo, meu bem.
bem, o que eu sei é que vim fazendo o caminho que fizemos umas horas depois de termos passado por ali. nossos passos ainda estavam frescos, mas foram pisoteados por três horas de outras pessoas, outras histórias, talvez – provavelmente – outras crises existenciais. o céu estava mais claro, os sons da cidade mais evidentes. tinha até um saco aberto com cocô de cachorro no meio da rua, acredita? não tava lá de manhã mais cedo. nem aquele cara no bar (vê se 6h30 da manhã é hora de bar, meu deus do céu).
a verdade é que tudo parece filme e eu tenho medo disso. dios se ríe de quien hace planes. eu me repito, me repito, mas nunca me convenço de verdade. seguem as checklists. as auto-promessas, os auto limites, o pretenso (coitadinho) auto controle. esse mesmo, que se perde quando entendo que minha busca é pelo completo deixar ir. deixar ser.
não, eu não, eu não, eu não. eu não me dou ao luxo de me arrepender das coisas. quem pensa demais não se dá a esses luxos. mas eu não sou assim, não sou, não sou. eu vivo aqui e agora. eu sou e não sou. a vida é e não é. guimarães. referências de outras histórias se embaralham e eu me sinto traindo a alguém que nem sei quem é porque na verdade é da minha história que se trata essa reunião.
reciclagem musical e literária, reciclagem de lugares, de poemas que são eu. é isso, no fim das contas.
o propósito desse texto já se perdeu completamente e, como sempre, fica totalmente diferente do que parecia quando eram apenas vozes na minha cabeça. quando eram apenas cenas em câmera lenta da minha perspectiva infantil de ver o mundo.
mas a minha pretensão não é literatura – e é por isso que acabo sendo. a minha pretensão é a pretensão de beija flor.